Crítica
Somente em sonhos se alcança a liberdade
Por Jader Galam Ruivo | 12/07/2023
Minha nota:
Adentre o mundo de palavras e emoções, onde a poesia transcende a superfície do papel e ecoa nas almas. Sociedade dos Poetas Mortos, a obra de Peter Weir, é como um lírico poema, tecido com maestria e tintado com as cores da liberdade.
Na imponente Welton Academy – ou Hellton Academy, como preferir – o destino sutilmente tece as vidas dos jovens estudantes, que, como pássaros enjaulados, anseiam pelo voo. E em meio ao tom cinzento do conservadorismo, surge um mestre de versos e sonhos, o professor John Keating, cujas palavras são melodias libertadoras para os corações sedentos de poesia.
A direção da obra, sob o talento brilhante de Peter Weir, é uma verdadeira obra de arte cinematográfica. Weir é um mestre na sua abordagem delicada e sensível, capturando os elementos mais profundos da alma humana e trazendo-os à tona com uma clareza e beleza ímpares.
Robin Williams nos conduz com destreza por um labirinto de emoções humanas, ora rindo como um trovador iluminado, ora transbordando de dor como um poeta atormentado. Seu sorriso é a própria aurora, e seus olhos brilham como estrelas cadentes, trazendo consigo o encanto mágico de um verso bem arquitetado.
Logo nos primeiros instantes do filme, ele nos apresenta a escola através de planos magistrais e uma cinematografia que revela a grandiosidade do cenário, ao mesmo tempo em que reflete o clima sombrio e rígido da instituição. Essa escolha visual estabelece o tom da história, preparando o terreno para a revolução poética que em breve se seguirá.
O ritmo da narrativa é habilmente conduzido por Weir, que equilibra momentos de introspecção com cenas mais intensas e emocionantes. Ele permite que o filme respire, dando espaço para que as palavras e a música envolvam o espectador em uma dança de sentimentos. É como se a história fosse conduzida por um suave poema, com pausas meticulosamente calculadas para que as emoções possam florescer.
A forma como o diretor trabalha com o elenco é verdadeiramente inspiradora. Robin Williams é brilhante e Weir permite que sua atuação se destaque, conferindo-lhe a liberdade necessária para entregar uma interpretação memorável. Da mesma forma, o restante do elenco jovem recebe a oportunidade de explorar suas habilidades artísticas, criando uma dinâmica de grupo autêntica e envolvente.
A direção também se destaca pela sua capacidade de criar uma atmosfera de encantamento, onde a poesia e a liberdade de expressão se tornam protagonistas. Cada cena é cuidadosamente pensada e meticulosamente composta para trazer à tona as emoções e os conflitos internos dos personagens.
Weir escolhe ângulos e movimentos de câmera que destacam a solidão, a ousadia e a paixão de cada personagem. Os close-ups são especialmente poderosos, permitindo que o espectador mergulhe nas expressões dos atores, revelando suas motivações mais profundas.
A verdade é que Sociedade dos Poetas Mortos é uma sonata cinematográfica, tocada com sensibilidade e maestria. Com suas palavras poéticas, atuações encantadoras e direção esmerada, o filme eleva nossos corações para além do horizonte das convenções sociais e nos convida a alçar voo em direção à liberdade de expressão e à beleza da vida. É uma obra-prima que nos relembra que, por trás de cada mortal, pulsa um poeta imortal, pronto para desvendar os mistérios e maravilhas que a vida oferece.