Crítica
Praticamente todos te odeiam, mas você sabe disso, certo?!
Por Jader Galam Ruivo | 30/01/2024
Minha nota:
Comédia dramática sempre foi um gênero cinematográfico que me atraia pela complexidade, aliás, “comédia” e “drama” pode ser vistos como quase opostos. Assim como amor e dor, afinal, já dizia Caetano “pra que rimar amor e dor”, né? Mas Alexander Payne soube muito bem rimar comédia com drama em The Holdovers, no Brasil: Os Rejeitados.
Paul Giamatti interpreta Paul Hunham, um professor que quase(quase) todos odeiam, ele é chato, gosta de dar notas ruins para os alunos, é rabugento, entre outras coisas que adolescentes detestam. Paul fica com o cargo de cuidar dos alunos que não tem para onde ir nas férias de fim de ano, principalmente de Angus Tully (Dominic Sessa) que passa por problemas familiares quase que inimagináveis.
O contato Paul-Angus surpreende por ser simples e complexo ao mesmo tempo, afinal, é um professor e um aluno que mais pra frente se tornariam amigos… “Amigos”? Mas ele não era quase insuportável?
Alexander Payne consegue fazer de uma simples comédia dramática em um filme natalino praticamente inesquecível para quem o vê aberto à experiência. Ele, com muita proeza, é capaz de sugar tudo do resultado do ‘conflito’ entre as distintas personalidades de Tully e Hunham focando totalmente no maior e puro significado de “RELAÇÕES HUMANAS”.
Paul Giamatti está em uma das melhores atuações de 2023, brilhante, esplêndido, florescente, grandioso, luxuoso, estupendo, extraordinário… faltam adjetivos para descrevê-lo.
Da’Vine Joy Randolph é a melhor pilastra que o protagonista poderia ter, ela sabe contar com olhares e com poucas palavras o que é a dor de uma mãe que sofreu tanto e continua em pé. O Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante já está em suas mãos.
O estreante Dominic Sessa não desaponta, ele consegue ser o contraponto perfeito de Giamatti e ambos se encaixam como uma luva.
Os Rejeitados é um filme redondinho, não dá para chamá-lo de perfeito pois nada nessa vida cumpre o dever de ser, mas esse é um daqueles que o beira. Transformando os implicantes em adoráveis, o longa consegue nos dar a leveza de aprender que “se faltar calor, a gente esquenta, se ficar pequeno, a gente aumenta, e se não for possível mesmo assim a gente tenta.”
Filmasso
Filmão, bom de mais, mostra que um professor não ensina só na sala de aula, na verdade, há muito mais pra se aprender fora dela.