Oppenheimer

Oppenheimer
2023

O destruidor de mundos

21 de julho de 2023 / 3h / Biografia, Drama
Direção: Christopher Nolan
Elenco: Cillian Murphy, Robert Downey Jr., Matt Damon
Título Original: Oppenheimer

Oppenheimer (2023) on IMDb

Crítica

A epopeia incessante de uma explosão perpétua

Por Jader Galam Ruivo | 22/07/2023

Minha nota:

Na mitologia grega seja ela nos pontos mais populares e conhecidos ou em pontos não tão desbravados, é de praxe sabermos que cada Deus, Titã, entre outros tem sua própria ideia e forma de criação, e o que – segundo a mitologia – eles fizeram de mais ‘importante’. Por exemplo, Cronos tem ligação com o tempo, Crio com o universo, Céos com visões e era o “senhor do norte”, já Prometeu era uma divindade do fogo e artesão. Zeus castigou Prometeu severamente após ele roubar o fogo dos deuses e entregá-lo à humanidade. J. Robert Oppenheimer fez a mesma coisa que Prometeu, dada as devidas proporções.

Oppenheimer, o mais novo filme do controverso Christopher Nolan, é dito como uma cinebiografia, mas eu acho que definir ele unicamente nesse gênero o diminuiria muito. É muito mais do que isso.

Oppenheimer

Com Cillian Murphy e Robert Downey Jr.

Quando eu estava sentado na poltrona do cinema, minutos antes do filme começar, eu torcia muito para que o Nolan não nos decepcionasse pela terceira vez seguida, e eu sou do tipo que não tenta criar expectativa pois acho que na questão de cinema isso só é um passo a mais e mais longo para decepções mais frequentes.

Confesso que na primeira hora do longa o sono batia frequentemente, é arrastado, é introdutório por padrão e é quando o roteiro também escrito por Nolan estava se estabelecendo e tomando rumo.

No final da primeira e início da segunda hora do longa, Nolan nos abre a porta da cabeça genial e controversa do biografado, e assim começamos a entender os bastidores de Los Alamos, que era onde ‘Oppie’ e sua equipe desenvolvia a tão falada bomba atômica.

Era o segundo semestre de 1945, estágios finais da Segunda Guerra Mundial quando os Estados Unidos em um momento único na história da humanidade usava armas nucleares em guerra e contra civis ao jogarem duas bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki no Japão. Dois tipos de bombas foram elaborados por Oppenheimer e tua equipe, a primeira delas, que foi jogada em Hiroshima, era conhecida como ‘Little Boy’ e era uma fissão do tipo balístico que usava urânio-235, a segunda, que foi jogada em Nagasaki, era chamada de ‘Fat Man’, era a maior das duas e foi feita com plutônio-859. Oppenheimer tinha se tornado um destruidor de mundos.

Cillian Murphy consegue com maestria estampar na tela o que é ser um homem que carrega a culpa de ter feito a arma que matou milhares de inocentes em seu primeiro papel de protagonismo e destaque no cinema pós Peaky Blinders. Robert Downey Jr. brilha demais como contraponto de Oppenheimer na história do filme, não vou me aprofundar tanto na personagem dele para não cair em spoilers.

Também há excelentes atores coadjuvantes que ajudam a história a se desenrolar da maneira que deveria, o Matt Damon é um desvairado militar em Los Alamos, Jason Clarke interpreta um advogado e promotor em um juiz de julgamento que dá raiva em qualquer um, Emily Blunt mal tem tempo de interpretar a durona esposa de Oppenheimer, Kitty, mas ela brilha sempre que tem a chance, apenas Florence Pugh que parece deslocada demais.

Eu juro que é uma tarefa difícil falar de Oppenheimer sem dar spoilers. Oppenheimer é um filme que conta a história de um homem que aparentemente tinha boas intenções, mas que se transformou em um destruidor de mundos. Seria uma tarefa dolorosa se responsabilizar pelas desgraças que cria? O próprio Nolan descreveu o filme como um longa “sobre consequências”. A mente de Oppenheimer é uma máquina imparável que à primeira vista parece não medir decorrências, é como se os próprios erros urdassem a dança da destruição, e o coração carregasse o peso dos resultados disto.

Enquanto acompanhamos uma linha do tempo presente mostrando o Projeto Manhattan, o roteiro de Nolan intercala com momentos futuros mostrando um julgamento ético e judicial. Estar dentro da mente de Oppenheimer é meio sujo e doloroso, mas não dá vontade de sair.

Christopher Nolan fez a base do marketing do filme dizendo que NÃO existe o uso de CGI no longa, ele até mesmo explodiu uma bomba real de magnitude grande em frente as câmeras. Tudo isso é bem visível no filme, e isso é muito interessante de se ver. A cautela, o cuidado e o amor de Nolan por suas próprias obras é muito invejável.

Como uma ópera estrondosa, Oppenheimer é um filme complexo, com muitas coisas que ficam no ar é como se nossos passos dançassem sobre uma estrada tortuosa à mostra de arcar com os erros numa jornada impiedosa. A realidade é que monstros são criados do fundo da escuridão de um ser vivo e sempre seremos heróis e vilões no palco do viver.

Oppenheimer – Trailer

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