Crítica
E os cordeiros continuam gritando
Por Jader Galam Ruivo | 14/07/2023
Minha nota:
Não por uma coincidência do destino que O Silêncio dos Inocentes venceu os cinco Oscars principais naquela noite de 1992, sendo eles: Melhor Filme, Melhor Roteiro, Melhor Diretor, Melhor Ator e Melhor Atriz. Foi a terceira e última vez – até o momento de escrita dessa crítica – que um filme conseguiu repetir o feito que os também excelentes Aconteceu Naquela Noite (1934) e Um Estranho no Ninho (1975) fizeram anos antes.
Jonathan Demme conduz a trama de forma excelente, podendo se dizer sem erro algum. Cadência perfeita, escolhas perfeitas, sem erro no caminho que ele escolheu tomar para a trama, Demme consegue engrandecer duas coisas que pareciam ser impossíveis de ficarem maiores: Anthony Hopkins e Jodie Foster.
Se Jack Nicholson em O Iluminado traduz com mais perfeita virilidade a loucura humana física, visível, perceptível e brutal, Anthony Hopkins faz o contrário com tanta maestria quanto. Hannibal Lecter é um personagem que sua loucura está nas entrelinhas, nós sabemos que ele não é um cara normal, porém não vemos isto, Hopkins é certeiro em sua interpretação.
Jodie Foster como Clarice Sterling pode ser definida como o medo e a coragem lado a lado representado em carne e osso. Pânico, tensão, pulso firme e não abaixar a guarda faz da personagem de Foster tão complexa e genial quanto o de Hopkins. Clarice fala com os olhos, nós sentimos o que ela quer dizer por sua própria respiração, movimentos corporais e mentais.
Jonathan Demme estava em uma boa época, talvez a melhor de todas, dois anos após ele voltaria ao estrelato com Philadelphia (1993) e provaria que não se vive só do medo.