Barbie

Barbie
2023

Ela é tudo, ele é só o Ken

21 de julho de 2023 /  1h54min / Comédia, Drama
Direção: Greta Gerwig
Elenco: Margot Robbie, Ryan Gosling, America Ferrera
Título Original: Barbie

Barbie (2023) on IMDb

Crítica

A luta anti-patriarcal cor de rosa

Por Jader Galam Ruivo | 22/07/2023

Minha nota:

Qualquer um nascido no século XX ou XXI já ouviu falar da Barbie, a boneca mais famosa do mundo. Lançada no final dos anos 50, Barbie se transforma entre diversas profissões, personalidades, aparências e tudo mais… só não muda em uma coisa: sua popularidade.

Greta Gerwig em julho de 2023 lança Barbie, o primeiro live action da boneca para o cinema.

Barbie

Com Margot Robbie e Ryan Gosling

À primeira vista, quando ouvi falar que iria sair um filme da Barbie dirigido pela Greta me veio o principal pensamento de: como vai ser a linguagem do filme? Uma história nova criada? Baseado em algum filme animação já lançado da Barbie? O que será?

Logo de cara, consigo dizer que Barbie é muito, mas muito bom. Não creio que seja a função do crítico dizer ‘assista’ ou ‘não assista’, mas sim passar com pensamentos e opiniões próprias o que pensa sobre uma específica obra. Sim, Barbie é muito bom.

Greta Gerwig me surpreende totalmente com a linguagem sofisticada do longa, da coragem no roteiro e do genial design de produção do filme. É impressionante como filmes sobre produtos e marcas têm virado tendência nos últimos tempos, tivemos Air, do Ben Affleck, Ford vs. Ferrari, do Mangold, Fome de Poder, do John Lee Hancock, etc. O mais interessante de pensar é que todos esses filmes baseados em marcas e produtos eles são estritamente para glorificar o criador dos citados, ou a forma que foi criada, é basicamente explicando como que eles tiveram a ideia de algo que faz tanto sucesso. Esses filmes funcionam como uma vitrine para a venda dos produtos que eles estão contando a história/falando sobre. Barbie não é assim.

A Mattel é a detentora dos direitos de Barbie, Max Steel, Hot Wheels, Uno, Polly, entre outros, e é uma tarefa árdua pensar em como eles aprovaram o roteiro da Greta Gerwig e do Noah Baumbach.

Barbie é um filme duramente crítico a lógica da criação do produto, da própria empresa Mattel e de como os usuários do produto utilizam ele. Primeiramente, antes de falarmos sobre o que o filme critica e como ele critica, precisamos falar do visual dele. A sacada de usar a lógica do mundo real misturada com a lógica da ‘Barbieland’ foi genial, por exemplo, em uma específica cena, a Barbie (Margot Robbie) vai tomar uma bebida de uma xícara, ela faz o movimento de beber, leva a xícara até a boca mas não sai liquido, pois eles são brinquedos. Quando a Barbie abre a geladeira, não tem produtos reais como leite, suco, mas sim adesivos colados no fundo da geladeira, pois é assim que é no mundo real. Isso foi fantástico.

O filme faz uma crítica fortíssima à desigualdade/diferença de gênero entre a Barbieland e o mundo real. De forma sútil mas ao mesmo tempo escancarada (é difícil explicar), o filme nos preenche com um ar anti-patriarcal ao nos mostrar como no mundo da Barbieland as Barbies são quem comanda tudo, mas no mundo real sabemos que não é bem assim.

“Ela é tudo, ele é só o Ken”, que slogan genial. Ken (Ryan Gosling) fica feliz apenas ao ser notado por Barbie em teu dia a dia. O mundo da Barbieland é formado pelas Barbies, pelos Kens e pelo Alan (Michael Cera), é superinteressante ver como o roteiro joga na nossa cara a diferença dos gêneros estampados em dois personagens distintos: Barbie e Ken. As Barbies se apoiam totalmente, com um ar amoroso quase que fraterno, já os Kens passam um ar narcisista entre eles, algo mais de superioridade, quem é melhor que quem (ou Ken é melhor que Ken).

Se parasse por ai seria superficial, mas Barbie vai muito mais a fundo nesta questão, porque tem a complexicidade de tema que é o patriarcado. É mais que estampado a dificuldade que as mulheres vivem tanto na sociedade geral quanto na indústria de Hollywood e Greta Gerwig abraçar isso e topar escrever e dirigir um longa sobre o maior ícone da superficialidade feminina, sobre a boneca perfeita que estabelece padrões de beleza inalcançáveis, ela usa esses temas delicados de forma subversiva, mostrando que sim, esses são problemas reais que não importa o meio, mas eles sempre estarão inseridos até mesmo onde? No meio infantil, onde a boneca faz parte… que vontade de bater palmas pra Greta Gerwig.

Algumas pessoas utilizam o argumento de que esse discurso anti-patriarcal é excessivo demais, tendo até um monólogo da personagem da America Ferrera que é explícito demais, muito texto e quase nada de subtexto, essas pessoas que dizem isso estão certas? Sim, mas o filme faz isso infelizmente porque o mundo precisa disso, e inteligentemente os executivos da Mattel perceberam isso.

Barbie é um filme essencial, excessivo e explícito com razão, visualmente belo, com um design de produção genial, e a direção de Greta Gerwig consegue capturar perfeitamente a essência da boneca mais famosa do mundo, ao mesmo tempo em que apresenta uma história completamente nova e original. Gerwig mostra sua habilidade em criar um filme crítico, que aborda temas delicados. Nesse mix de nostalgia com uma pitada de um feminismo que o mundo precisa tanto, o longa humaniza as dores e esfrega em nossa cara de forma suave porém muito mais do que necessária.

Trailer Barbie

Filmographia

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